“Seguindo os limites da Baía de Guanabara, partimos do entorno da Avenida Francisco Bicalho, no principal acesso à Zona Portuária, em área planejada para abrigar os edifícios mais altos do Rio de Janeiro. Ali, na interseção dos bairros Caju, São Cristóvão e Santo Cristo, ainda é possível observar resquícios daquilo que um dia foi o Gasômetro de São Cristóvão. Construída em 1911 em um capítulo determinante da expansão da rede de gás encanado da cidade, a fábrica acompanhou os avanços tecnológicos até a virada do século, quando o gás manufaturado deu lugar ao gás natural. No aperfeiçoamento do processo, o gás deixou de ser produzido e armazenado in situ, percorrendo centenas de quilômetros subterrâneos desde os poços petrolíferos da costa brasileira, tornando ociosa grande parte da atividade do complexo. Embora a conversão total do sistema tenha terminado em 2007, tal previsão havia sido traçada ainda em 1997, conforme acordado no contrato de privatização firmado entre o Governo do Estado e a empresa espanhola Gas Natural SDG. Em paralelo, a conversão do sistema viabilizaria o abandono da atividade industrial, estimulando novas formas de uso e ocupação do solo. Neste caminho, alternativas começaram a ser propostas para o Gasômetro a partir de 2000, com a incorporação do terreno em um concurso internacional de arquitetura.”
In: GUIMARÃES, R. S.; BARBOSA, A. A.; MOREIRA, G. C.. (Org.). Mediações arquitetônicas: redes profissionais e práticas estatais no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Papéis Selvagens Edições, 2021.