Este artigo reflete sobre algumas das pressões que envolveram a pesquisa da documentação mantida pela empresa canadense Brazilian Traction, Light and Power Company, mais conhecida como Light. Já é sabido que a Light deteve o monopólio de algumas das principais redes técnicas urbanas do eixo Rio-São Paulo, exercendo papel determinante no grau das transformações, na mobilidade dos seus habitantes e nos vetores de expansão observados nas duas maiores cidades brasileiras ao longo da primeira metade do século XX. Por outro lado, para além dos nós rígidos que tensionam os domínios do urbano com a história de empresas de utilidade pública, que efeitos a virada arquivística é capaz de suscitar sobre as questões que formulamos, bem como a maneira como produzimos e divulgamos pesquisas sobre as cidades? Recorrendo à materialidade do arquivo físico enquanto experimentam a cidade e vice-versa, os fragmentos aqui trazidos ensaiam um dizer Arquivo que diz Estado e Cidade, que por sua vez também diz de certas violências: promessas de conservação, ameaças de destruição, esforços de memória e esquecimento, acessos, autorizações e insistências.