Como a presença mais-que-humana na cidade pode estabelecer as bases para a concepção de um Urbanismo Multiespécies? Neste artigo buscamos contribuir para um paradigma emergente comprometido em levar mais a sério a diversidade de atores que constituem as paisagens do Antropoceno. Ao fazê-lo, esperamos não apenas compreender melhor as múltiplas interações que ocorrem nas cidades, mas também vislumbrar diretrizes para o projeto e planejamento de espaços livres que promovam a resiliência em um contexto de incertezas crescentes. Para alcançar esse objetivo, introduziremos um referencial teórico que expande o “social” aos atores mais-que-humanos através da Teoria Ator-Rede, dos Estudos Multiespécies e em certa definição de paisagem. Em seguida, ao tecer conexões assumidamente parciais, lançaremos luz sobre práticas de cuidado observadas quando humanos e plantas se encontram em um parque urbano carioca. Por fim, destacaremos algumas entradas sensíveis que podem inspirar e, em última instância, nos ajudar a compreender e definir com mais clareza as implicações dos Estudos Multiespécies para o projeto da paisagem.